Não há, por ora, sinal de preços mais baixos no curto prazo, mesmo com queda brusca da demanda.

Comprometer uma fatia relevante da renda na compra de um imóvel, mesmo à vista, pode não ser uma boa ideia durante a pandemia do novo coronavírus, opinam especialistas. Não apenas por ser um momento crítico para se desfazer de reservar financeiras, mas também porque não necessariamente o mercado apresenta as melhores oportunidades agora, mesmo para quem vai comprar à vista.

Eduardo Zylberstajn, diretor de pesquisa e inovação na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), explica que o mercado imobiliário responde à crise de forma muito mais suave que a Bolsa de valores, pelo aspecto da liquidez.

“A Bolsa chegou a cair mais de 40% [a queda acumulada ante o início do ano chegou a 45% em 23 de março] mas a gente não vê uma queda nem parecida com isso no preço dos imóveis. O que a gente vê é o sumiço da liquidez: quem quer vender não vai dar tanto desconto e quem quer comprar fica mais receoso – o negócio não sai”, explica.

Esse foi o comportamento do setor na crise anterior, a partir de 2014: “não saía negócio, mas a redução nos preços foi muito modesta.” De acordo com o índice FipeZap, que mede preços de imóveis anunciados, entre 2014 e 2017 os valores de venda caíram 17%, já descontada a inflação do período.

Em março, primeiro mês com dados disponíveis desde que o Brasil começou a apresentar algum efeito da pandemia (a partir da segunda quinzena, já havia cidades em quarentena), o índice acelerou a 0,18%, uma variação positiva superior à inflação medida pelo IPCA (0,07%).

Também não há garantia que, com a crise, os juros de financiamento caiam abaixo dos patamares atuais – os menores da história. É comum que os bancos sigam a Selic e diminuam suas taxas quando a taxa básica cai, mas a situação agora não é usual: a qualidade da carteira de crédito deve pesar mais que a política monetária.

“Mesmo que a Selic caia mais, como indicou o Banco Central, as instituições estão cautelosas por conta da inadimplência, que possivelmente vai crescer”, explica Bruno Gama, CEO da Credihome, empresa que compara taxas de financiamento imobiliário e tem sua própria linha de crédito.

É previsível uma queda na capacidade pagadora de quem já tem um financiamento contratado – além das postergações de parcelas já anunciadas pela Caixa e outros bancos. Isso diminui a qualidade da carteira e joga contra novas reduções nas taxas.

“Imagino que bancos não devem, a princípio, transferir a redução da Selic futura, esperando para ver o comportamento das carteiras de crédito”, completa Gama.

Fonte: Infomoney.com.br

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